O Rio de Janeiro ganha um presentaço às vésperas deste Natal. Empolgada pela boa receptividade de "Loving You" e "Greatest Love Of All" - sucessos das trilhas internacionais das novelas "Caras & Bocas" e "TiTiTi" -, na próxima 5a.feira, dia 23, a partir das 22 horas, Rosanah Fienngo mergulha fundo no inglês e traz à tona o projeto de cd rock que pretende gravar no idioma em janeiro de 2011, intitulado "Rosanah Rocks".
Idealizado pela intérprete e pelo guitarrista Bebeto Daróz, o show/álbum passeará pelo blues e classic rock e apresentará releituras de clássicos das principais influências da cantora, como Janis Joplin, Tina Turner, Aretha Franklin, Heart, Led Zeppelin, Joan Jett e Bonnie Tyler. E o público fluminense terá o privilégio de assistir a este show de lançamento que acontecerá no Calabouço Rock Bar, na Vila Isabel. Além de Bebeto Daróz (guitarra/violão), acompanham Rosanah Fienngo os músicos Ives Pierini (baixo) e Mark Vinny (bateria/percussão). Imperdível!
De volta ao começo - O rock é um elemento marcante na formação vocal de Rosanah Fienngo. Ela gosta de narrar a ocasião em que um amigo a apresentou pela primeira vez à Janis Joplin (foto), quando tinha 13 anos de idade e começava a adquirir experiência de palco."Você tem um timbre de voz parecido com o da Janis, me dizia ele. E realmente, apesar da minha voz ser mais limpa que a dela, o lance do metal na voz que eu tenho tem muito a ver com a Janis. Quando ouvi o disco dela eu pirei. A atitude, a garra ao cantar, o abrir a boca e soltar o gogó, me fascinou logo de cara", contou Rosanah à jornalista Paula Dip no programa "Paulista 900" (TV Gazeta, 1989). "Sinceramente não me sinto muito brasileira quando estou cantando, não faço o estilo ´um banquinho, um violão´. Eu sou viva, gosto de me movimentar no palco, de improvisar nos vocais. Nisso tenho tudo a ver com a Janis".
deu no youtube 1 - A musa Janis Joplin interpreta "Ball And Chain" em show realizado na Alemanha em 1969. A cantora e compositora estadunidense foi decisiva na atitude rock´n roll que Rosanah Fienngo incorporou ao seu canto desde que ouviu Janis Joplin pela primeira vez, aos 13 anos de idade:
Outro momento em que o rock´n roll esteve presente na carreira de Rosanah foi pouco antes do estouro do single de Nem Um Toque, que gravara despretensiosamente nos estúdios da Som Livre no ano de 1986, a convite do produtor e midas Max Pierre. Um tanto decepcionada com o mercado brasileiro, que até então não decifrara a persona artística de Rosana Fiengo (apesar das várias gravações que já vinha realizando há algum tempo, inclusive como backing de nomes como Fagner e Tim Maia), a intérprete estava decidida a fixar nova residência nos EUA, onde recebera convite para assumir os vocais de uma banda de heavy metal. Sim, a maneira de cantar de vocalistas como Robert Plant (Led Zeppelin) também fez a cabeça de Rosanah e a influenciou definitivamente.
"Estava de malas prontas para o Mississipi quando recebo um telefonema do meu pai (Aldo Fiengo) me avisando da explosão de ´Nem Um Toque´ nas rádios cariocas. Nesta época estava em São Paulo, passei um bom tempo por lá". A canção, composta por Michael Sullivan e Paulo Massadas, foi selecionada para a trilha da novela ´Roda de Fogo´, mas só pra preencher espaço, praticamente não tocou na trama. "As pessoas compravam o disco e começavam a prestar atenção nela, a pedi-la nas rádios. Era o que eu precisava, a partir de ´Nem Um Toque´ eu fui né (risos) e pretendo continuar indo", declarou Rosanah em seu especial gravado no ano de 1988 pela Rede Manchete e dirigido por Jayme Monjardim. Ou seja, por muito pouco o mundo não assistiu ao nascimento de uma estrela do rock ao invés da deusa do pop romântico que "Nem Um Toque" enfim começava a consagrar.
Rock Br - Também por um triz o grande público não conheceu Rosanah Fienngo como mais uma integrante do efervescente movimento Rock Br que se afirmava no início dos anos 80, sobretudo no Rio de Janeiro com o Circo Voador e a Rádio Fluminense FM, ícones culturais que, juntos, contribuíram para a consagração de nomes como Blitz, Paralamas do Sucesso, RPM, Titãs, Barão Vermelho, Kid Abelha e Ultraje a Rigor, entre tantos outros, em plena abertura política que o país vivia.
Embora tenha como marco inicial de sua carreira o ano de 1986, quando de fato vivenciou o sucesso popular de "Nem Um Toque", para os fãs não há como ignorar os trabalhos anteriormente gravados por Rosanah Fienngo. Mesmo porque, além de preciosos registros de experimentações vocais de uma intérprete à procura da identidade artística, revelam pérolas do pop nacional como a gravação de O Ouro, rock composto pelo mestre da soul music brazuca Cassiano (autor das geniais "A Lua e Eu" e "Coleção") e presente no primeiro álbum solo de Rosanah, lançado em 1983 pela RCA e produzido por Durval Ferreira - um dos papas do sambajazz e responsável por revelar nomes como Leny Andrade, Joanna e Sandra de Sá.
Batizado simplesmente "Rosana" (foto), o álbum também traz composição da própria intérprete que é retrato fiel da época em que foi lançada. Vai Dar Branco é delícia poprock que presta reverência à musa Rita Lee, ao deliberadamente inspirar-se na canção composta pela mãe do rock brasileiro (ou tia, como ela prefere) em parceria com o mago Paulo Coelho - a emblemática "Arrombou A Festa", sucesso dos anos 70 e verdadeiro who is who da música comercial que tocava nas rádios na época. Em sua criação, Rosanah Fienngo marotamente zomba da cena fashion (com profética citação a "Ti-Ti-Ti") e das referências pop então em voga naquele início dos 80´s, como Roupa Nova, o mítico "menino do rio" Pepê, o girl power do "cor de rosa choque" de Rita Lee (então amplificado pelo "TV Mulher" da Rede Globo), o jogador de futebol Dadá Maravilha e até o controvertido estilista Clodovil. Pura atitude rock´n roll.
O quê: Show "Rosanah Rocks"
Quando: dia 23/12, às 22h
Onde: Calabouço Rock Bar - Rua Felipe Camarão, 130 - Vila Isabel
Quanto: R$ 25
Informações: www.calabouco-bar.com.br
deu no youtube 2 - no apagar do ano de 1989, Rosanah Fienngo oferece biscoito fino ao público do "Domingão do Faustão". Acompanhada de músicos como Dadi Carvalho (A Cor do Som, Tribalistas), Rosanah interpreta clássico do repertório da musa Janis Joplin - "Move Over". A performance seria embrião de antológico show totalmente dedicado à Janis que Rosanah fez meses depois em São Paulo, ao lado do bluesman André Christovam, no cult Dama Xoc:
deu no youtube 3 - Em plena divulgação do álbum "Gata de Rua" (Sony Music, 1993), Rosanah Fienngo visita o Teatro Ópera de Arame em Curitiba/PR, e apresenta à plateia do programa "Noite de Gala", de Clodovil Hernandez, releitura ao piano do clássico blues "Maybe", de Janis Joplin (CNT-Gazeta):
Ouça: trecho de raro cover de Rosanah Fienngo para hit de Carole King (em parceria com Toni Stern). It´s Too Late rendeu à cantora, compositora e pianista norte-americana o prêmio Grammy de "Gravação do Ano", em 1971. Aqui, registro seminal de Rosanah, em franca procura de sua persona artística:
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