Desde cedo meu olhar buscava o relógio a contragosto, numa contagem regressiva que parecia não ter fim. Tratava-se de um domingo atípico, em que o burburinho não viria das antenas de tevê e seus estridentes programas de auditório em busca da audiência perdida. Não, há dias anunciaram que neste domingo a novidade viria das ondas do rádio, mais precisamente da Nativa FM do Rio de Janeiro.
Nestes tempos modernos, pouco importava que estivesse a quilômetros de distância da cidade maravilhosa. Bastava acessar o website da emissora e ouvir o programa online. Mas minutos antes do horário combinado veio o susto. Não havia um banner sequer que confirmasse a expectativa criada dias atrás. E à medida que o início da atração se aproximava, novo susto. A conexão começa a falhar e irritantes minutos de silêncio passam a prevalecer na hora seguinte.
Minha porção Pollyana logo quis crer que, assim como eu, milhares (ou milhões) de outros internautas invadiram a rede com o mesmo propósito – vivenciar uma hora de puro deleite musical – e nos tornamos todos responsáveis pela pane na transmissão online. Não sei se dito e feito, mas a romper o silêncio ouço a voz que alterou minha rotina dominical e constato o óbvio. Desde quando soube do evento fui transportado de volta à adolescência, passando a manifestar sintomas de ansiedade e euforia tipicamente juvenis.
Não era para menos. Uma voz solar, firme e jovial falava ao meu fone de ouvido e me fazia relembrar do primeiro encontro que tivemos. Não foi no rádio e tampouco na web, e sim num programa de tevê. Era 1986 e estava sintonizado no programa da Hebe Camargo. Eis que ela apresenta uma jovem cantora que começa a entoar suavemente os versos iniciais de “Nem Um Toque” para minutos depois surpreender a todos com sua possante voz. A partir daquele instante tive a certeza de que o canto de Rosana me acompanharia para todo o sempre.
Domingo passado, 20 de setembro, somente um fã sobreviveria aos insuportáveis hiatos silenciosos que tentavam calar a transmissão virtual. Mas valeu a pena. Reencontro a agora Rosanah Fienngo sabiamente aproveitar o espaço que lhe deram para expor todo o seu talento de intérprete, de rara versatilidade na música popular brasileira.
Por uma hora, Rosanah disparou torpedos pop que gravou ao longo da carreira como "Nem Um Toque” (Michael Sullivan e Paulo Massadas), “Meu País” (Ivan Lins e Vitor Martins), “Zen” (parceira da cantora com Lincoln Olivetti e Carlos Colla), “Amor Dividido”, “O Amor e o Poder” (ambas versões de Cláudio Rabello),“Faltando Um Pedaço” (Djavan), “Enquanto a Vida Passa” (Márcio Map e Dany Carvalho), “Condição” (Lulu Santos) além do atual hit “Lovin´You” (Minnie Riperton e Richard Rudolph) e do belo dueto com Roberto Carlos, gravado para o especial do rei de 1988.
Entre as dez canções selecionadas por ela própria, a camaleoa do pop brazuca respondeu perguntas dos locutores da casa e desfilou a simpatia, o bom humor e simplicidade que sempre a caracterizaram. Com total desenvoltura e maturidade, só fez confirmar o quanto era injustificável sua ausência da mídia. Mas o ano de 2009 ficará marcado pelo monopólio midiático quebrado por ela com a força de seu imenso talento. Bom tê-la de volta, guerreira Rosanah Fienngo!
Deu no jornal "O DIA": a cantora também começa a retomar espaço na mídia impressa. O jornalista Mauro Ferreira anuncia a volta de Rosanah em sua coluna semanal "Estúdio". publicada no último dia 21 de setembro. Agora só falta a tevê...
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